terça-feira, 24 de novembro de 2009

Reflexões

Acadêmicas de pedagogia e o EJA
Comparando os educandos do EJA com as acadêmicas do curso de Pedagogia a Distância pela UFRGS, percebe-se certa semelhança em alguns aspectos: ambos como sujeitos aprendentes com idade adulta que, buscam uma qualificação profissional e uma maior qualidade de vida melhorando também o seu contexto social, devido a aquisição de conhecimento que levam a melhora das suas praticidades e ações adquiridas ao longo do caminho em trocas de ideais e aprendizagens interativas.
A maioria dos sujeitos que formam estes dois grupos são adultos em idade madura com uma longa bagagem de experiências e conhecimentos relacionados ao senso comum que servem de base para através da sistematização chegar ao senso crítico.
A mesma caminhada que faz o EJA nas suas características enquanto sujeitos aprendentes podemos também destinar aos acadêmicos, uma vez que, são trabalhadores em jornada dupla ou tripla, que precisam se dedicar aos estudos no turno da noite tentando conciliar o mesmo com seu trabalho, família e tudo que se passa no seu entorno.
A grande diferença percebida na caminhada entre ambos está justamente que os acadêmicos dominam o sistema de ensino - aprendizagem uma vez que estão presentes e praticantes do mundo letrado o que para os educandos do EJA corresponde em enorme obstáculo ou dificuldade a ser transpassada o que não é impossível.
Pois, segundo Palácio (1995) a condição determinante para o desenvolvimento e competência cognitiva das pessoas mais velhas está no nível de saúde, nível educativo e cultural, a experiência profissional e o tônus vital da pessoa ( sua motivação, bem estar psicológico) e não a idade cronológica .Logo, com uma probabilidade de êxito diante dos desafios cognitivos.


Sendo assim, conforme opinião dos educandos - adultos que freqüentam o EJA, seu êxito é maior pois possuem objetivos, são determinados e carregam consigo uma bagagem de conhecimento e experiência vivenciada muito maior que os adolescente, possuem maior bagagem de reflexão sobre o conhecimento e seu processo de aprendizagem.
Conforme Freire(2007) “não é no silêncio que os homens se fazem mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão” sendo assim é na mediação e na troca de saberes entre sujeitos que se realiza o ato de aprender significativo, é na construção conjunta e coletiva que o sujeito exerce e estabelece ações recíprocas voltadas a cidadania.
E nós enquanto acadêmicas do curso de Pedagogia a Distância devemos ter em mente as condições pertinentes a cada grupo da EJA cuidando com o tipo de linguagem buscando uma maior sintonia entre alunos, escola e professores amparada em características sócio-afetivas que minimizem o sentido de exclusão, e priorizando um currículo que priorize ações transformadora e não opressoras.

FREIRE, Paulo. A dialogicidade – essência da educação como prática da liberdade. In: _____. Pedagogia do Oprimido. 40ª edição. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005. p.89-101.
OLIVEIRA, Marta Kohl de. Jovens e adultos como sujeitos de conhecimento e aprendizagem. Revista Brasileira de Educação, Set./Out./Nove./Dez. 1999, n. 12, p. 59-73.