segunda-feira, 24 de maio de 2010

A ESCOLA DOS SONHOS



Relendo alguns artigos sobre a Escola da Ponte, casualmente ou não me defrontei com um escrito por Ruben Alves a quem admiro e muito, ele descreve a escola onde todos são valorizados no seu potencial e naquilo que mais gostam de fazer, a cumplicidade e a responsabilidade andam juntas, as determinações são feitas de maneira coletiva, parte-se da idéia de que a aprendizagem deve vir aliada a vivencia das crianças perpetuando a troca de conhecimento e sugestões, nas escutas de relatos, nas conversas, na própria linguagem, é desta inteiração que nasce a construção do senso crítico e da autonomia.

Eu adoro que faço, mas às vezes questões de ordem mais burocrática muitas vezes tolham a criatividade e a vontade do fazer, porque temos que dar conta dos conteúdos programáticos, então me pergunto se realmente caminhamos para o desenvolvimento da educação, muito se fala, mas pouco se faz. É uma pena porque todos têm vontade de fazer, mas as normas elas vem de cima, ou seja, numa ordem hierárquica, o que vem de encontro ao que tanto se menciona em leituras sobre o desenvolvimento de uma escola voltada a gestão democrática, na horizontalidade, nas discussões e na opinião de igualdade, por fim acabamos vencidos pela pragmaticidade, e pelo ato formal dos acontecimentos. Quando iremos realmente transformar as utopias em realidade?

Segundo Ruben Alves “O conhecimento é uma árvore que cresce da vida. Sei que há escolas que têm boas intenções, e que se esforçam para que isso aconteça. Mas as suas boas intenções são abortadas porque são obrigadas a cumprir o programa. Programas são entidades abstratas, prontas, fixas, com uma ordem certa. Ignoram a experiência que a criança está vivendo. Aí tenta-se, inutilmente, produzir vida a partir dos programas. Mas não é possível, a partir da mesa de anatomia, fazer viver o cadáver. O que vi na Escola da Ponte é o conhecimento crescendo a partir das experiências vividas pelas crianças.”


Esta semana realizamos algumas atividades, mas a que me chamou a atenção foram duas a releitura da Obra de Tarsila o Abapuru onde as crianças desenharam “ as crianças que comem”, então através desta atividade da para perceber como é a realidade das mesmas, pois uma dentre as demais descreveu o seguinte: “ a criança que come comida” quando a maioria ilustrou a obra sobre o seguinte aspecto: “ a criança que come... sorvete, bala, bolo, mingau...

Percebo que preciso sim alimentar o corpo e a mente destas crianças de maneira que elas não achem que é normal o que elas passam, ou seja, não estigmatizem a vida de suas famílias para o futuro delas, é possível modificar, mas através da educação de fato, efetiva e afetiva. “Para aprender, necessitamos de dois personagens (ensinante e aprendente) e um vinculo que se estende entre ambos. (...) Não aprendemos de qualquer um, aprendemos daquele a quem outorgamos confiança e direito de ensinar” (Fernandez, 1991, p.47 a 52).

Sendo assim, a aprendizagem de sala de aula deve ser mediada, problematizada a partir da vivencias dos alunos e da interação com o meio, a fim de que se possa desenvolver a autonomia necessária para o desenvolvimento do aluno mediante as interações sociais, aluno e professor são sujeitos aprendentes na construção da história de cada um.


http://www.portaleducacao.com.br/pedagogia/artigos/2666/gestao-democratica-escolar ( acesso 23/05/10)



http://www.anped.org.br/reunioes/23/textos/2019t.PDF ( acesso 23/05/10)


http://www.rubemalves.com.br/escoladaponte3.htm ( acesso 23/05/10)

segunda-feira, 17 de maio de 2010

VIVENCIANDO MINHA PRÁTICA

Ao parar por algum momento e pensar sobre eu mesma, enquanto acadêmica e profissional, percebi que não deveria deixar a intranqüilidade tomar conta dos espaços ocupados por mim, sejam eles o ambiente escolar, familiar e social.

Porque simplesmente estaria transformando momentos de ressignificação em algo extremamente ditador, onde apenas um tem o direito de se manifestar e assim não possibilitar a troca de ideais e opiniões dos que nos cercam.

Acredito que quando buscamos uma qualificação ela deva servir para não somente fazer-nos entender melhor àquilo que já sabíamos e agregar um novo saber, mas que deva vir ao encontro das possibilidades de ressignificar nosso processo de aprendizagem.

Entendo que, o estágio deva ser um momento passageiro pelo qual deveremos confrontar nossa prática com a teoria estudada e, não a de mudá-la somente por mudar mas a de procurar significados que o embasamento possa nos dar para tal mudança.

Então de certa forma percebi que, minha prática foi sendo mudada ao longo do processo, que o estágio não é uma mudança na prática sem o devido significado, mas para visualizar o que já vem ocorrendo de bom dentro do processo de ensino-aprendizagem percorrido por mim, e mediado na prática com meus alunos.

Segundo Vygotsky (1989) o desenvolvimento humano depende da interação que ocorre entre as pessoas e da relação dos objetos culturais, uma vez que, com a presença do outro, neste caso o professor mediador, dar-se-á a evolução das formas de pensar das crianças, ao mesmo tempo em que esta estará se constituindo como sujeito. (p.11-122)

É na busca pela qualidade, que a inquietude toma conta de nós num sinal de que somos pessoas vivas, indo ao encontro de novos saberes, porque sem isto estaremos diante de um retrocesso intelectual e não estaremos percorrendo o caminho da evolução do ser como um todo.

Desta forma acredito que o olhar do professor deva estar atento a tudo e a todos, porque são em pequenas ações que muitas vezes a aprendizagem acontece e em diferentes espaços ocupados por nós e pelos nossos alunos, no recreio, no refeitório, na sala de aula, no entorno escolar espaços estes vividos pelos educandos que não devem ser dispensados pelo professor atento, pois estes momentos resultam também em Educação.

Ainda conforme o mesmo autor, o ponto de partida para aprendizagem deve ser aquilo que a criança já conhece, fazendo-a entrar no caminho da análise intelectual,da comparação, da unificação e do estabelecimento das relações lógicas.(p.111-122)

Observando a brincadeira livre na hora do parquinho notei como se dão as relações, as conversas, os conflitos e as soluções destes conflitos, onde a observação também passa a servir de instrumento para a nossa prática, onde neste momento o aluno começa a mostrar o processo do ensino-aprendizagem vivido por ele na sala de aula, onde somos agentes gestores da autonomia também.

Sendo assim, a transformação de meu aluno também é o resultado da transformação ocorrida primeiramente em mim, no processo da aquisição do pensamento, na responsabilidade e nas competências a serem desenvolvidas como sujeito transformador e autônomo numa relação recíproca de descobertas mútuas.

Segundo Demo (1998) “ninguém educa ninguém, porque todo fenômeno emancipatório exige a relação de dentro para fora: o professor deveria ser o orientador do processo e não um preceptor. Ninguém educa sozinho, porque a relação social é intrínseca de todo o processo educativo”. (p.28)

Referência:
Demo, Pedro. Aprendendo a prender com a educação: a análise das experiências recentes: Curitiba: Base, 1998
Vygotsky, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes Editora, 3ª Ed., 1989
Acesso ao site GOOGLE em 17/05/10

terça-feira, 11 de maio de 2010

Relação professor x aluno e as aprendizagens

Uma aula baseada na horizontalidade

Esta semana pude comprovar o que muitas vezes vem sido lido e debatido no curso de Pedagogia, uma delas diz respeito as práticas de sala de aula e como se dão as relações dentro das mesmas, onde os sujeitos da aprendizagem são tanto o professor quanto o educando. Segundo Freire apud Cavalcante, educação é um encontro entre interlocutores, que procuram no ato de conhecer a significação da realidade e na práxis o poder da transformação.

Pensando nas práticas de sala de aula podemos notar nitidamente de que forma cada professor trabalha, se cria meios para que seus alunos possam crescer numa atitude de autonomia ou se ao contrário continua priorizando a educação do oprimido, onde sua fala, suas atitudes dizem respeito ao autoritarismo e não a autoridade que resulta em respeito mútuo.
Portanto é pensando em autonomia que conduzo as práticas de minha sala de aula, onde na escuta da fala do meu aluno posso perceber suas curiosidades e desta forma poder conduzir da melhor forma os assuntos a serem tratados, bem como as descobertos que se darão de maneira recíproca, pois, da curiosidade deles também podemos criar subsídios para nossas práticas, desta forma a questão ensino- aprendizagem será o resultado do interesse e do processo de aquisição de saber ressignificado.
Esta aprendizagem se dará pelo processo de descoberta de algo que tenha algum significado no momento para o aluno, que proceda de uma discussão de um determinado assunto, foi exatamente o que aconteceu na última quinta- feira quando deveria iniciar um projeto de aprendizagem com os alunos. Pensei num determinado assunto que achava ser do agrado deles, devido as atividades anteriores propostas aos mesmos, mas as conversas e o interesse deles me conduziu a outro assunto, ou seja a questão da perda dos dentinhos de leite visto que os educandos encontram-se na idade para início das trocas dentárias, o assunto foi tratado com tranqüilidade e interesse pela turma, não imposta mas prevalecendo a horizontalidade de ambas as partes diante da construção dos processos para a aquisição de um novo saber.
Nesse sentido, as ideias freireanas servem como orientação para o processo de formação docente no que se refere à reflexão crítica da prática pedagógica que implica em saber dialogar e escutar, que supõe o respeito pelo saber do educando e reconhece a identidade cultural do outro.( Cavalcanti)
E é neste momento que o professor deve atentar para a opinião dos seus alunos, nas muitas conversas informais onde podem ser encontradas subsídios para desencadeá-lo de atividades, projetos, pesquisas em fim, o aluno é a bússola das práticas de salas de aula sua curiosidade aguçada nos lança a discutir sobre idéias e assim num processo horizontal, poder interagir melhor com nosso aluno, aproveitando todas as deixas buscando transformá-las em fontes de pesquisa ou projeto


Bibliografia

FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. 17.ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.
____________. Pedagogia do Oprimido. 13.ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983.
Márcio Balbino Cavalcante,
Professor de Geografia e Coordenador de Projetos Educacionais da
Secretaria Mul. de Educação do município de Passa e Fica, RN.
Endereço eletrônico: cavalcantegeo@bol.com.br

sábado, 8 de maio de 2010

LEITURA DE MUNDO

Promover a aprendizagem do aluno é aproveitar situações encontradas no próprio dia- a- dia do aluno. Situações estas que, ele vivência diariamente no trajeto da casa até a escola e vice-versa ou no passeio aos redores do próprio bairro, descobrindo outras formas, cores e escritas... Momentos que podem criar situações de mediação de trocas de ideias.

Foi o que aconteceu nesta semana, ao percorrermos o trajeto até a casa de uma aluna, para registrar através de foto sua casa e assim dar andamento no projeto de sala de aula, na identificação das cores, formas de compreensão de conceitos de perto longe, antes, depois, diferenciação entre números e letras etc...

Na exploração do lugar como um todo diferentemente do primeiro passeio realizado no lado oposto da vila, este permitia discutir as diferenças entre o que é bonito e feio, como deixar bonito, como cuidar... Noções de higiene ambiental puderam ser trabalhadas de maneira prática, pois a exemplificação era real, não as menosprezando, mas fazendo ver que é possível mudar, que não é preciso viver numa situação precária e jogada a própria sorte, acredito que isto é educar para o social, é preciso que se mudem as “questões de cultura” eu diria até é uma questão de falta de auto-estima, passada de geração em geração, que se a escola não mediar não desfazer para reconstruir podem passar mais vinte anos, momento das novas gerações e o lugar continuará sendo o mesmo, é preciso encontrar a vontade de mudar, quer queira quer não a escola também propaga atos políticos, de direitos e deveres.

Portanto a avaliação da nossa prática esta no ato de pensar e falar de nossos alunos, questionadores e ou alheios a situações, ou seja, nossos alunos refletem um pouco de nós, se somos acomodados formaremos sujeitos submissos se ao contrário amamos o trabalho e o conduzimos em parceria com as indagações de nossos alunos estaremos contribuindo para alunos com senso crítico e autonomia.

Consegui ter a oportunidade de experimentar o conhecimento empírico e do conhecimento sistematizado proporcionado em sala de aula, um destes momentos a Educação para o Trânsito, desenvolvida no ano anterior com a professora da Educação Infantil, turma em que os alunos freqüentaram anteriormente a este, sendo assim foi possível ver o quanto uma aprendizagem pode ou não ser significativa e permanente para o aluno e, ainda o quanto ela servirá para futuras aprendizagens...

Nas palavras de Freire, que o ato de ensinar está justamente ao ensinar, “não como um burocrata da mente, mas reconstruindo os caminhos de sua curiosidade — razão por que seu corpo consciente, sensível, emocionado, se abre às adivinhações dos alunos, à sua ingenuidade e à sua criatividade — o ensinante que assim atua tem, no seu ensinar, um momento rico de seu aprender. O ensinante aprende primeiro a ensinar, mas aprende a ensinar ao ensinar algo que é reaprendido por estar sendo ensinado”

Neste momento constatei que toda oportunidade dada aos alunos de experimentarem novos conhecimentos de forma lúdica é muito mais relevante do que ficar quatro horas retido dentro de uma sala de aula, ou melhor, dentro de quatro paredes, e desprezando muitas vezes o mundo, ou melhor, a leitura de mundo que os alunos vivenciam fora da escola.

Ir além dos muros da escola é buscar justamente combinar situações de vivências dos educandos para que, eles mais tarde ao transformar estas vivências em educação sistematizada possam melhorar sue entorno garantida através de uma educação para o social.

Referencia:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142001000200013