Relendo alguns artigos sobre a Escola da Ponte, casualmente ou não me defrontei com um escrito por Ruben Alves a quem admiro e muito, ele descreve a escola onde todos são valorizados no seu potencial e naquilo que mais gostam de fazer, a cumplicidade e a responsabilidade andam juntas, as determinações são feitas de maneira coletiva, parte-se da idéia de que a aprendizagem deve vir aliada a vivencia das crianças perpetuando a troca de conhecimento e sugestões, nas escutas de relatos, nas conversas, na própria linguagem, é desta inteiração que nasce a construção do senso crítico e da autonomia.
Eu adoro que faço, mas às vezes questões de ordem mais burocrática muitas vezes tolham a criatividade e a vontade do fazer, porque temos que dar conta dos conteúdos programáticos, então me pergunto se realmente caminhamos para o desenvolvimento da educação, muito se fala, mas pouco se faz. É uma pena porque todos têm vontade de fazer, mas as normas elas vem de cima, ou seja, numa ordem hierárquica, o que vem de encontro ao que tanto se menciona em leituras sobre o desenvolvimento de uma escola voltada a gestão democrática, na horizontalidade, nas discussões e na opinião de igualdade, por fim acabamos vencidos pela pragmaticidade, e pelo ato formal dos acontecimentos. Quando iremos realmente transformar as utopias em realidade?
Segundo Ruben Alves “O conhecimento é uma árvore que cresce da vida. Sei que há escolas que têm boas intenções, e que se esforçam para que isso aconteça. Mas as suas boas intenções são abortadas porque são obrigadas a cumprir o programa. Programas são entidades abstratas, prontas, fixas, com uma ordem certa. Ignoram a experiência que a criança está vivendo. Aí tenta-se, inutilmente, produzir vida a partir dos programas. Mas não é possível, a partir da mesa de anatomia, fazer viver o cadáver. O que vi na Escola da Ponte é o conhecimento crescendo a partir das experiências vividas pelas crianças.”
Esta semana realizamos algumas atividades, mas a que me chamou a atenção foram duas a releitura da Obra de Tarsila o Abapuru onde as crianças desenharam “ as crianças que comem”, então através desta atividade da para perceber como é a realidade das mesmas, pois uma dentre as demais descreveu o seguinte: “ a criança que come comida” quando a maioria ilustrou a obra sobre o seguinte aspecto: “ a criança que come... sorvete, bala, bolo, mingau...
Percebo que preciso sim alimentar o corpo e a mente destas crianças de maneira que elas não achem que é normal o que elas passam, ou seja, não estigmatizem a vida de suas famílias para o futuro delas, é possível modificar, mas através da educação de fato, efetiva e afetiva. “Para aprender, necessitamos de dois personagens (ensinante e aprendente) e um vinculo que se estende entre ambos. (...) Não aprendemos de qualquer um, aprendemos daquele a quem outorgamos confiança e direito de ensinar” (Fernandez, 1991, p.47 a 52).
Sendo assim, a aprendizagem de sala de aula deve ser mediada, problematizada a partir da vivencias dos alunos e da interação com o meio, a fim de que se possa desenvolver a autonomia necessária para o desenvolvimento do aluno mediante as interações sociais, aluno e professor são sujeitos aprendentes na construção da história de cada um.
http://www.portaleducacao.com.br/pedagogia/artigos/2666/gestao-democratica-escolar ( acesso 23/05/10)
http://www.anped.org.br/reunioes/23/textos/2019t.PDF ( acesso 23/05/10)
http://www.rubemalves.com.br/escoladaponte3.htm ( acesso 23/05/10)